O cachorro rola no chão pra receber
Um afago do dono nem que seja com o pé
O homem rola em qualquer lugar pra receber
De alguém que ama ainda que seja só um cafuné
A carência é um sentimento tão profundo
Igual a um caldo no caldeirão quando amolece
Ela parece até desconjuntar o corpo do carente
Que só irá reconhecer e dar razão quem a conhece
E esta coisa dá a impressão que as vértebras
Viram um grande rosário feito com barbante
Porém, capaz de tirar a ação de qualquer animal
Se tornando muito mais forte que o maior elefante
Dessa necessidade eles também são portadores
Todo aquele volume não adianta, vira mingau
Então, quando entra a bendita sede de um afago
Tamanho, força e coragem, tudo desaparece, babau
Não sei bem se ela chega a ser um mal
Porque apesar de ser tão forte e poderosa
Triste mesmo é quando não se tem como aliviá-la
Se tiver: com ela, não tem coisa que não seja gostosa
De um jeito bem minerado como o nosso
Até quem não é mineiro vai dizer, ô trem bão sô
Né co tava quais morreno com farta desse negóço
Inté qui im fim chegô e ieu num vô perdê, não sinhô
A bendita é boa, mas não usa poupar ninguém
O caboclo gagueja, treme, não fala nada direito
Não é porque ele não sabe, às vezes, é até bem culto
Porém a necessidade é tão grande que ele perde o jeito
Quer saber: vou sair desse trem é agora
Se não, quem vai ficar mais perdido ainda, sou eu
O que eu tenho a falar a respeito do maior sentimento
É muita coisa, pelo menos até onde vejo: por hoje já deu
Inspiração... princesa!!!
Coelho
Em 03.07.2018 às 19:50 hs
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