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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

A carência é um sentimento tão profundo

Atualizado: 4 de set. de 2018


O cachorro rola no chão pra receber

Um afago do dono nem que seja com o pé

O homem rola em qualquer lugar pra receber

De alguém que ama ainda que seja só um cafuné


A carência é um sentimento tão profundo

Igual a um caldo no caldeirão quando amolece

Ela parece até desconjuntar o corpo do carente

Que só irá reconhecer e dar razão quem a conhece


E esta coisa dá a impressão que as vértebras

Viram um grande rosário feito com barbante

Porém, capaz de tirar a ação de qualquer animal

Se tornando muito mais forte que o maior elefante


Dessa necessidade eles também são portadores

Todo aquele volume não adianta, vira mingau

Então, quando entra a bendita sede de um afago

Tamanho, força e coragem, tudo desaparece, babau


Não sei bem se ela chega a ser um mal

Porque apesar de ser tão forte e poderosa

Triste mesmo é quando não se tem como aliviá-la

Se tiver: com ela, não tem coisa que não seja gostosa


De um jeito bem minerado como o nosso

Até quem não é mineiro vai dizer, ô trem bão sô

Né co tava quais morreno com farta desse negóço

Inté qui im fim chegô e ieu num vô perdê, não sinhô


A bendita é boa, mas não usa poupar ninguém

O caboclo gagueja, treme, não fala nada direito

Não é porque ele não sabe, às vezes, é até bem culto

Porém a necessidade é tão grande que ele perde o jeito


Quer saber: vou sair desse trem é agora

Se não, quem vai ficar mais perdido ainda, sou eu

O que eu tenho a falar a respeito do maior sentimento

É muita coisa, pelo menos até onde vejo: por hoje já deu


Inspiração... princesa!!!


Coelho

Em 03.07.2018 às 19:50 hs


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