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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

Custei muito a entender


Custei muito a entender

O que eu achava tão bonito

O pai chamava o filho de amigo

Jamais imaginava em tão perfeito dito


Que verdade mais absoluta

Com o amigo não temos obrigação

O que Importa pra gente é ter um

Com ele não se gasta, é só consideração


Nem mesmo se acaso precisar

Ele é que se vire pra lá, comigo não

É bem sabido que filho feio não tem pai

O meu, apesar de bonito, é só um amigão


Tanto que já nem me pede nada

Sou aquele amigo que ele bem conhece

Cá pra nós, só porque eu sou o seu pai

Assumir compromisso, ninguém merece


Meu negócio é estar numa boa

Se quiser algo, que corra à vontade

Quando pequeno eu já fui saindo fora

Agora então, não conte mais, tem idade


Estar numa boa como eu disse

É namorar muito e quantas eu quiser

Agora, se por ventura aparecer um filho

Quem vai aguentar as pontas, é a mulher


Dizem que quem faz uma vez

A coisa fica fácil pra fazer um cento

E tudo isso pra mim tanto faz como fez

Meu coração não dói nenhum momento


Aquelas palavras tão enfáticas

Ainda soam até hoje no meu ouvido

O pai que não honra um filho como deve

A meu ver, não merece sequer um amigo


Eu coelho: lembro da minha avó

Dizia: homem que chora não presta

Muitas vezes vi aquele homem chorar

Não é que minha avó estava muito certa


Coelho

Em 27.07.2018 às 19:45 hs


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