Funcionário público, artífice, inspetor federal
Não sei de onde vem essa quantidade de nome bonito
A aparência é de um boi da melhor qualificação de raça
E o valor dado por isso é menos que de um mero cabrito
Se o valor da gente fosse pelo que a gente é
Jamais seria tão bem valorizado e reconhecido
Infelizmente, somos visto pelo que fazemos, é assim
Depende do que eu fizer, serei lembrado ou esquecido
Estou pegando leve demais da conta no assunto
Aliás, lembrado é pouco: serei procurado, ô preferido
Assim como dependendo do que for, não há outro jeito
Se não, o de ser lembrado sim: quiçá, até como preterido
São setenta e seis anos chamados de experiência
O que eu sempre gostei ou usei chamar de repetição
Isso me deixa bem à vontade para falar tranquilamente
O que mais vi repetir no mundo até hoje foi discriminação
Desde que nasci e passei a entender como gente
Ouço dizer que quem tem um amigo tem um tesouro
É tarefa difícil saber quem é esse, e onde ele está ou vive
Capaz ser mais fácil cavar um túnel e achar um saco de ouro
Que ele existe eu tenho a mais absoluta certeza
Para conhecê-lo, tu terás que passar pela prova de fogo
Ou seja, cair na maior das dificuldades de embaraço na vida
Será aquele que, se ver ou ouvir, de pronto atender o seu rogo
Nos fins de anos sempre celebramos o amigo oculto
Não deixa de ser muito lindo, eu além de gostar faço parte
Tudo festa: a gente abraça, se declara, chega a ser romântico
Todavia, no tempo da dificuldade encontrar um, será uma arte
Favor não considerar nada disso como um julgamento
Não sou juiz, apenas gosto muito de fazer uma boa reflexão
Se alguém achar que estou errado, não devo ficar aborrecido
Falo do que estou acostumado ver a tantos anos, e de montão
Que meu amigo verdadeiro continue sendo bem oculto
Uma vez que vou ter que conhecê-lo num momento pior
Deixa eu viver satisfeito, saltitante, sorridente e algo mais
Que eu considere amigos, todos aqueles que tenho ao meu redor
Quanto aos nomes, títulos dados, função exercida
O mais importante é que em qualquer delas defendi o pão
Com o grande privilégio de hoje poder registrar como história
Tranquilo como eu disse, apesar de real: com Deus no coração
Coelho
Em 24.07.2018 às 11:00
Falei de um mero cabrito, você me coloca um de gravata?