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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

Mané Tibiriçá




Ah! Se eu fosse mesmo

Aquilo que pensam que sou

Ia ser igual a um espantalho

Que um dia a enchente levou


Feito pra espantar passarinhos

Virou uma importante divindade

Fez até milagres! Fico pensando

Enganar, nem depende da vontade


Nunca procurei enganar alguém

E muitos já se enganaram comigo

Numa desproporção tão grande, que

Feijão preto e cru virou farinha de trigo


Não sei se isso foi bom pra mim

Em alguma coisa deve ter servido

Se fosse o meu forte tirar proveito

Não tenho idéia do que teria acontecido


Ser bem visto é bom demais

Consegue massagear nosso ego

Por tantas vezes eu ser confundido

Pergunto: Que pinta é essa que carrego


Voltando lá no famoso espantalho

Parece que também vim na enchente

Ele, sendo o que era se tornou um santo

Eu, legítimo Mané Tibiriçá, pareço gente


Não o conhecia, e ficava intrigado

Pensava ser alguém qualquer e todo sujo

Foi observando os últimos acontecimentos

Que consegui ver que eu sou esse dito cujo


Só nunca vou fazer nenhum milagre

Porque logo me declaro a quem se engana

Prefiro ser autêntico passando tudo a limpo

Brincar com a crença de alguém é ser um sacana


Termino com uma ressalva para o boneco

Ele não teve culpa. Não tinha vida, como falar

Esse engano brutal, sempre foi da humanidade

Até hoje, basta ver um vulto, já começa acreditar


Coelho

Em 26.08.2016 às 18:29 hs



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