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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

Minha mulher nunca me xingou



Minha mulher nunca me xingou

Nem sequer no sentido carinhoso

O Xingo, quando nesse bom sentido

Até ser xingado, acaba sendo gostoso


Ela tinha as manhas do agrado

Suas palavras fluíam do coração

Todas elas passavam por um filtro

De sua boca, nunca ouvi um palavrão


A pessoa mais invejada por mim

No tangente à qualidade e pureza

Seu pisar quase nem marcava o chão

Maravilha acima da conta: que leveza


Eu procuro olhar com cuidado

Com medo de praticar a idolatria

Já que perfeitos não conseguimos ser

Primeiro lugar na bondade ela merecia


Sou suspeito falar, sou seu marido

E não tenho como escapar de fazer

Se eu não registrar um amor tão real

De que adianta? Ser lindo pra esconder


O acaso nos leva a tantos lugares

Num domingo, levou-me ao parque

Aquela ida oriunda literalmente dele

Lá estava alguém pro meu embarque


O embarque para uma vida a dois

Acordamos gastar o tempo no amar

Com nada mais foi gasto o dito cujo

Trinta e seis anos e meio sem desacordar


Eu não desembarquei nem desacordei

Vivo embarcado na bela contemplação

Ela não desembarcou nem desembarcará

Continua embarcada no peito desse velhão


Não ouvir sequer um xingo daquela pessoa

Como falei da sua qualidade e pureza no começo

E do meu invejá-la. Pode até parecer um exagero

Acaso ela não alcançou Céu. E eu então? Esqueço


Coelho

Em 26.01.2023 às 09:35 hs


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