Quando digo, ah! Se eu pudesse
Nada mais é que assumir não poder
Devia mudar e partir logo para a ação
Não ficar só pensando sem nunca fazer
Ô palavra pequena e poderosa
Apenas duas letras, e muito forte
E a dita cuja sai da boca da maioria
Antes da ação, já vem lá um baita corte
Até que chega o tal se, vai bem
Entrou ele, babau, não tem jeito
Tantas dúvidas que vão surgindo
Fica difícil, nem o bom é mais aceito
Garanto estar certo em dizer
A dúvida patrocina o pessimismo
Jamais alguém conseguirá alguma coisa
Não arriscando, só de pensar no abismo
Claro, devemos em todo tempo
Buscar equilíbrio e muita sabedoria
No perigo, a dúvida é um bom alerta
Existe um grande risco, fazer tudo à revelia
O abismo pode acontecer, sim
Por incrível que seja: nos dois sentidos
O que arrisca e faz, poderá cair lá na frente
Deixar de fazer, poderá ficar lá atrás, já caído
Esse poderá, colocado tantas vezes
Não quero que seja visto como duvidoso
Gosto muito de colocar sempre no hipotético
Falei de dúvida: o taxativo também é perigoso
O afirmar com toda aquela certeza
Põe nas castas grande responsabilidade
Às vezes, uma dor de cabeça desnecessária
E nem sempre estamos seguros da verdade
Basta acreditar em quem falou
Sem saber de quem a pessoa confiável ouviu
A gente sai repassando para todos como certo
Vendo que não: sai rimando com a ponte que caiu
No roubo não tem nada que presta
Não sei qual é pior, se é ele ou a roubada
Quero viver é sem saber de dúvidas e abismos
A maravilha desta vida é viver sem saber de nada
Certo ou não, podendo ou não podendo
Consegui chegar muitíssimo bem até aqui
Acredito que eu não tenha muita coisa a mais
E se tiver que venha, hei de viver melhor que vivi
Coelho
Em 12.07.2018 às 18:45 hs
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