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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

Quando digo, ah! Se eu pudesse



Quando digo, ah! Se eu pudesse

Nada mais é que assumir não poder

Devia mudar e partir logo para a ação

Não ficar só pensando sem nunca fazer


Ô palavra pequena e poderosa

Apenas duas letras, e muito forte

E a dita cuja sai da boca da maioria

Antes da ação, já vem lá um baita corte


Até que chega o tal se, vai bem

Entrou ele, babau, não tem jeito

Tantas dúvidas que vão surgindo

Fica difícil, nem o bom é mais aceito


Garanto estar certo em dizer

A dúvida patrocina o pessimismo

Jamais alguém conseguirá alguma coisa

Não arriscando, só de pensar no abismo


Claro, devemos em todo tempo

Buscar equilíbrio e muita sabedoria

No perigo, a dúvida é um bom alerta

Existe um grande risco, fazer tudo à revelia


O abismo pode acontecer, sim

Por incrível que seja: nos dois sentidos

O que arrisca e faz, poderá cair lá na frente

Deixar de fazer, poderá ficar lá atrás, já caído


Esse poderá, colocado tantas vezes

Não quero que seja visto como duvidoso

Gosto muito de colocar sempre no hipotético

Falei de dúvida: o taxativo também é perigoso


O afirmar com toda aquela certeza

Põe nas castas grande responsabilidade

Às vezes, uma dor de cabeça desnecessária

E nem sempre estamos seguros da verdade


Basta acreditar em quem falou

Sem saber de quem a pessoa confiável ouviu

A gente sai repassando para todos como certo

Vendo que não: sai rimando com a ponte que caiu


No roubo não tem nada que presta

Não sei qual é pior, se é ele ou a roubada

Quero viver é sem saber de dúvidas e abismos

A maravilha desta vida é viver sem saber de nada


Certo ou não, podendo ou não podendo

Consegui chegar muitíssimo bem até aqui

Acredito que eu não tenha muita coisa a mais

E se tiver que venha, hei de viver melhor que vivi


Coelho

Em 12.07.2018 às 18:45 hs


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