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Foto do escritorAntonio Coelho Ribeiro

Tudo parece longe



Tudo parece longe

Quando ansiamos chegar

Depois fica tudo tão pertinho

Voltamos no começo num piscar


Parece ser a lei dessa vida

Se a gente fosse e voltasse

Ela poderia render bem mais

E quiçá, menos a gente ansiasse


Sabemos que ela só tem ida

E queremos que vá tão depressa

Nossa busca pelas coisas é um logro

Levando de nós o que mais interessa


Queremos a paz nesse mundo

E primamos muito para a correria

E, sabendo que não vamos levar nada

Se levássemos, não sei nem como seria


No mínimo um Deus nos acuda

Ninguém conseguiria viver bem, um dia

Mesmo consciente de que tudo ficará aqui

A fome de ajuntar tudo, vai virando agonia


Nesse tudo, está a vida

A maior dádiva dada pelo Criador

Com mais o direito do livre arbítrio

Depende de mim, escolher paz ou pavor


Esse pavor a que eu menciono

É o medo de perder coisas materiais

Associado a um desejo mais que doentio

De viver só no prisma do acrescentar mais


Ao me lembrar da idade que tenho

Fico meio abobado e um tanto surpreso

Numa fração de segundo volto onde nasci

Isto, sem que eu sinta um só grama de peso


Vi um homem chegando no hospital

Cento e cinco anos, causando admiração

Pensei: uai sô! Então eu ainda sô um moço

Quero é mais que isso ainda, um baita montão


Se ele pensar bem do modo que eu penso

E pudesse, garanto: voltava lá no comecinho

Só que agora seria feito tudo muito diferente

Os trechos que fez apressado seriam devagarinho


Dinheiro eu preciso de muito pouco

A vida pra mim sempre será a prioridade

Cada dia que Deus me acrescenta, mais lindo

Se for um bem vivido, vale por uma eternidade


Coelho

Em 26.09.2018 às 08:30 hs


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