Tudo parece longe
Quando ansiamos chegar
Depois fica tudo tão pertinho
Voltamos no começo num piscar
Parece ser a lei dessa vida
Se a gente fosse e voltasse
Ela poderia render bem mais
E quiçá, menos a gente ansiasse
Sabemos que ela só tem ida
E queremos que vá tão depressa
Nossa busca pelas coisas é um logro
Levando de nós o que mais interessa
Queremos a paz nesse mundo
E primamos muito para a correria
E, sabendo que não vamos levar nada
Se levássemos, não sei nem como seria
No mínimo um Deus nos acuda
Ninguém conseguiria viver bem, um dia
Mesmo consciente de que tudo ficará aqui
A fome de ajuntar tudo, vai virando agonia
Nesse tudo, está a vida
A maior dádiva dada pelo Criador
Com mais o direito do livre arbítrio
Depende de mim, escolher paz ou pavor
Esse pavor a que eu menciono
É o medo de perder coisas materiais
Associado a um desejo mais que doentio
De viver só no prisma do acrescentar mais
Ao me lembrar da idade que tenho
Fico meio abobado e um tanto surpreso
Numa fração de segundo volto onde nasci
Isto, sem que eu sinta um só grama de peso
Vi um homem chegando no hospital
Cento e cinco anos, causando admiração
Pensei: uai sô! Então eu ainda sô um moço
Quero é mais que isso ainda, um baita montão
Se ele pensar bem do modo que eu penso
E pudesse, garanto: voltava lá no comecinho
Só que agora seria feito tudo muito diferente
Os trechos que fez apressado seriam devagarinho
Dinheiro eu preciso de muito pouco
A vida pra mim sempre será a prioridade
Cada dia que Deus me acrescenta, mais lindo
Se for um bem vivido, vale por uma eternidade
Coelho
Em 26.09.2018 às 08:30 hs
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